cover-146281-600

Aquele momento. Aquele momento em que seus dedos se enroscam nas alças de uma sacola brilhante, sem nenhum vinco – e todas as coisas novas e lindas dentro dela passam a ser suas. Como é? É como passar fome durante dias, depois encher a boca de torrada com manteiga quentinha. É como acordar e perceber que é fim de semana. A minha mente bloqueia qualquer outro pensamento. É um prazer puro, egoísta. Página 42

O que escrever sobre Os Delírios de Consumo de Becky Bloom? Como não cair em um clichê, como dizer algo da altura da obra e passar a sensação prazerosa que foi ler este livro? É uma tarefa difícil, mas vamos lá.

Há tempos eu queria ler Sophie Kinsella, os elogios à autora não poderiam ser à toa, ela tinha que ser boa e, quer saber, ela é ainda melhor do que eu esperava. A leitura é tão gostosa, mas tão gostosa que li 50 páginas sem nem notar – tudo bem que a letra e o espaçamento do livro são grandes. Parecia que estava ali, batendo papo com uma amiga, que Becky sempre estivera ao meu lado e estava me contando sobre mais algumas peripécias suas. Confesso que já fui a própria Becky uma vez ou outra, aliás, quem não foi? Mas o assunto aqui é outro, a simpatia que a personagem ganha logo de cara.

Muita gente deve conhecer a estória de Becky, mas mesmo assim vou apresentá-la. Rebecca Bloom é jornalista de uma revista de finanças, assunto sobre o qual ela não gosta muito e muitas vezes nem entende. Seu maior desafio é resistir a uma boa vitrine e produtos que nem sempre são de primeira necessidade. Fazer compras provoca em Becky uma felicidade e prazer inexplicáveis e é isso que a faz cair. Afinal, jornalista não ganha muito, sei bem o que é isso haha, e se a pessoa compra sem parar as contas só aumentam, pior ainda é quando a devedora ignora suas dívidas e tudo vira uma imensa bola neve.

Aí a solução é CG (cortar gastos) ou GMD (ganhar mais dinheiro). Becky até tentou cortar gastos, mas ela é louca e para economizar aqui, gasta horrores ali.

Com uma onda de alegria, corro em direção ao Barkers Centre. Não vou enlouquecer, prometo a mim mesma. Só um pequeno presente para continuar e não desistir.  Página 92

E isso não dá certo.

Já estou empurrando a porta de entrada. Ah, Deus, o alívio. O calor, a luz. É a este lugar que eu pertenço. Este é meu habitat natural. Página 288

Becky é sonhadora, sua imaginação trabalha sem parar e rende situações para lá de cômicas, sempre viajando para os lugares mais loucos. Ah, a gastadeira também tem o dom de se livrar de situações com mentiras, coisa feia dona Becky. Algumas dessas mentiras deixam a protagonista em maus lençóis, por exemplo: Becky mentiu que falava finlandês para uma entrevista de emprego e não é que tinha um cara finlandês com quem ela deveria falar? Fora isso, existem muitas outras situações constrangedoras em todo o livro e são hilárias.

os delirios de consumo book Primeira capa brasileira

Muitas vezes a vontade que dá e de sacudir Becky e a mandar ter responsabilidade. Mas é uma coisa que ela parece aprender com o desenrolar do livro. Impossível não torcer por ela. Além do problema com os gastos desenfreados e com a fuga dos cobradores, Becky tem que se preocupar com o coração e com a carreira, que dá uma deslanchada quando ela menos esperava. Adorei!

Agradeço à Laura por me emprestar o exemplar dela e matar minha vontade de conhecer Becky e sua autora, Sophie. Não sei quando vou conseguir ler os próximos, mas vou seguir o conselho da Nanda e ler com um bom intervalo de tempo entre eles para não enjoar.

Quase fecho os olhos, a sensação é tão maravilhosa.

Leiam! Beijos.