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Sempre quis ler esse livro e assistir ao filme baseado nele. Acabou que em uma promoção da Nobel aqui na minha cidade, eu me deparei com o livro por R$ 10. Claro que comprei. Pouco tempo depois, zapeando pela TV eu encontrei o filme nos minutos iniciais e fiquei com o coração na mão, assistia ou não? Como não tinha planos de ler tão imediatamente o livro, fiz algo que quase nunca faço: assisti ao filme primeiro. E adorei.

Passado mais um tempo, ele brilhou para mim na estante e resolvi ler. Para a minha surpresa – ou nem tanto, já que isso sempre acontece – o livro é bem diferente do filme, os fatos são bem diferentes e muita coisa que aconteceu lá não aconteceu na obra de Rachel Cohn e David Levithan. O que foi bom, pude ser surpreendida em boas partes. Para não ficar tão repetitivo e como o assunto do post é esse, vou comentar livro e filme hoje.

O livro é lindo, a capa imita a do filme e eu gosto, porque tenho uma queda por Kat Dennings, acho ela tão queridona, engraçada. O trabalho de edição também é muito bom, com direito a fontes diferenciadas no início dos capítulos, e diagramação diferente para músicas e pensamentos, gritos, etc. No início tem uma playlist de agradecimento com Tina Turner, Louis Armstrong, The Cure, Prince, Elvis Costello e muito mais. Incrível.

Estamos nos movendo coma música enquanto permanecemos imóveis. Não estou me afundando na lama. Estou encontrando Norah. E ela está, sim, me encontrando. A multidão nos pressiona, o contrabaixo nos revela tudo e somos duas pessoas que fazem parte de um monte de gente, e ao mesmo tempo somos uma parte só nossa. Página 100

Nick & Norah não é um livro comum, parecido com outros que já tenha lido. Ele narra apenas uma noite de dois adolescentes, cheia de acontecimentos, que resulta em um amadurecimento dos personagens e, é claro, no amor. Mas não é nada tão clichê, é cheio de palavrões (porra mesmo eu perdi a conta de quantas vezes eu li), recheado de muita música e de pessoas muito loucas. Retrata de forma atual e divertida. Para começar, Nick toca em uma banda gay, mas é hetero. O mais legal nele é que ele nem liga para isso, sabem? Preconceito zero. Admirável em um rapaz da idade dele. O problema com Nick é que ele se apaixonou por Tris, que deu um pé na bunda dele há três meses e ele não segue em frente. Sempre procura ela, sempre acha que pode consertar o que deu errado, sendo que a culpa nem foi dele, mas dessa parte ele nem sabe. Ela o traía, deixava de lado as playlists que ele fazia, com músicas feitas para ela e não o merecia. Tenho dito.

Norah também tem seu passado cabuloso. Namorava com Tal que a fazia de gato e sapato, que a deixou uma noite e partiu para outro país e que machucou seu coração. Era daqueles relacionamentos vai e volta, que não tinha mais futuro. Mas quem disse que ela via isso, que escutava os conselhos dos pais e de sua melhor amiga, Caroline? Pois é. Falando nisso, os pais dela são os melhores, duas figuras incríveis e invejáveis. Depois de tantos anos juntos ainda comemoravam datas como o primeiro beijos e outras primeiras coisas. Norah ama música, seu pai trabalha com isso e ela sempre esteve nesse meio. Ela estuda na mesma escola de Tris, a ex de Nick e escutava suas playlists, adorava, aliás. Sempre achou que pelas escolhas musicais, Nick seria um cara legal.

- Mas outras bandas é sobre sexo. Ou dor. Ou uma fantasia qualquer. Mas os Beatles, eles sabiam o que estavam fazendo. Sabe por que os Beatles ficaram tão importantes?

- Por quê?

- I wanna hold your hand. O primeiro single. É brilhante, porra. Talvez a música mais brilhante que já foi composta no mundo. Porque eles sacaram. É o que todo mundo quer. Não sexo quente o dia todo, sete dias na semana. Nem um casamento que dure cem anos. […] Não. Eles querem segurar sua mão. Eles têm um sentimento de amor que não conseguem esconder. Página 143

Nessa noite em questão, ela está no bar, ouvindo Nick tocar e as outras bandas também. Estava bem na sua quando ele simplesmente vira e pede que ela seja sua namorada por cinco minutos. Ora essa, quem ele pensa que é? No fim das contas, eles se beijam e beijam bem, até que Tris chega ao lado dos dois. Nick queria atingi-la e Norah pensou que ele poderia ser a carona para casa que ela e a amiga precisavam. Decidiu estender um pouco mais o tempo do namoro e foi assim que a noite mais incrível da vida deles começou.

O Where’s Fluffy sabe tocar de verdade, em vez de só gemer como os bobalhões do punk pop. Eles cantam tudo certo sobre tudo errado – eles são contra os grupos pró-armas, contra os que impedem as liberdades individuais e contra os homofóbicos – para lembrar a quem ouve pelo que vale a pena lutar. Página 93

Cada um tinha um assunto amoroso inacabado e não sabiam que queriam seguir em frente até que o sentimento simplesmente surgiu. Eles souberam que não valia o sofrimento pelo passado, que o futuro e o presente eram o que interessava. E eles aproveitaram cada minuto daquele presente. Foi intenso, foi libertador, foi apaixonante, tanto que chegava a soltar faíscas e podia até ter pego fogo, não fosse uma certa sala de gelos.

Eu a deixo ir embora. Quer dizer, não quero que ela fique. E sim, isso faz desta vez a primeira em que fico longe dela sem ainda insistir em pensar nela. Acredito que algumas culturas chamem isso de progresso. Página 164

Rachel e David escrevem de uma forma bem fluida, a leitura é rápida e as tiradas são ótimas. O humor dos dois é excelente, tirando a parte em que Nick fica deprimido por seu término com Tris, mas nem chega a ser chato também. No meio de tanta coisa, tanta gente, tanta bebida e até drogas, Nick e Norah, os dois caretas daquele mundo, se encontraram e isso só podia ser um sinal. Eu amei o livro, a proposta dele é ótima. Aos poucos você vai compreendendo o mundo dos dois personagens e se joga na noite com eles, sente os olhos enxergarem melhor as coisas como eles e aproveita tudo. Foi uma ótima leitura. 

Quando a chuva cai, você só deixa cair, sorri como um louco e dança com ela, porque se você pode ficar, feliz na chuva, então você fez tudo certo na vida. Página 189

Cada vez que eu lia como a conversa dos dois fluia, como ele conhecia as músicas que ela citava e vice-versa, como os dois se encaixavam, eu ficava cada vez mais feliz e empolgada. Amei ver como foi natural a espera deles no metrô, por exemplo, falando sobre tudo, desde manteiga de amendoim, passando por seus ex, até chegar às gêmeas Olsen. Maravilhoso o entrosamento deles.

Filme

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A produção lançada em 2008 mostra a essência do livro, mas mexe bastante com tudo. No livro, eles encontram a Where’s Fluffy no primeiro local em que vão e no filme eles fazem disso um objetivo, passar por vários lugares tentando encontrar a banda preferida de ambos. Caroline chega sã e salva na casa de Norah, levada pelos amigos de Nick, enquanto no filme ela foge do furgão e se aventura sozinha e bêbada pela cidade, dando mais uma tarefa para Norah naquela noite.

Tris (Alexis Dziena) and Nick (Michael Cera) star in Columbia Pictures and Mandate Pictures' comedy Nick & NorahÕs Infinite Playlist. Tris sendo bitch.

E Tris, que é mesmo uma pessoa que não servia para Nick, é retratada no filme como uma vaca maior do que realmente é. Quer dizer, ela faz coisas lá que nem chegaram perto de acontecer no livro. Ah, e no filme quem pede para ser namorada por cinco minutos é Norah. Mas eu entendo que é preciso dar um ritmo diferente quando se trata de filme e assim o filme ficou mais cheio de aventura. Por outro lado, outras cenas aconteceram iguais e eu sorri, imaginando tudo de novo.

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Adoro a Kat e ela com Michael Cera fizeram de Nick e Norah personagens incríveis, tiveram química também, assim como no livro. Apesar de algumas mudanças no roteiro, o filme me agradou muito mesmo. Foi divertido acompanhar aquela mesma evolução deles que foi escrita por Rachel e David. Sempre cercada de muita música boa. Aqui vocês podem conferir a trilha sonora do filme.

Beijos e uma ótima terça-feira!!