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Well, o que falar de Pão-de-Mel? Faz um tempinho que avistei o livro em um sebo aqui da cidade (pensando nisso, preciso ver se eles têm as continuações). Eu já tinha lido sobre e as opiniões eram positivas, sem falar que na época eu comprava compulsivamente mesmo. Então ele brilhou para mim este mês e eu li. Rachel Cohn tem um jeito único de escrever, de nos contar a história de seus personagens e devo confessar que adoro o modo como ela faz.

Cyd Charisse, que ganhou esse nome em homenagem a uma grande dançarina, é uma garota problemática e mimada (mas ela nem se dá conta disso). Ela não é filha do homem que é casado com sua mãe, mas chama Sid de pai e ele é maravilhoso com ela. Um cúmplice, praticamente. Seu verdadeiro pai era casado e teve um caso com Nancy, mas não largou a família por ela. Cyd o conheceu aos seis anos, quando ele lhe deu uma boneca de pano, a Pão-de-Mel, e depois sumiu. Já adolescente, ela ainda carrega a boneca para todos os lados, assim como uma longa experiência de erros. Cyd tem um namorado, Siri, mas os pais não gostam muito dele por ser do estilo surfista largadão. Puro preconceito, ele é um garoto legal e muito importante na atual fase de Cyd.

Os dois se conheceram em um abrigo para velhinhos, onde mora a melhor amiga de Cyd, Pão Doce. Cyd começou a trabalhar lá por ordem judicial, Siri – pelo que me lembro – por vontade própria. Mesmo com tão pouco tempo de vida, Cyd já passou por muita coisa e sua cabeça é bem bagunçada. A mãe não sabe mais o que fazer para que ela não saia da linha, o “paidrasto” já esgotou os conselhos e possibilidades. No fundo, Cyd Charisse não é uma garota má, só está em uma fase rebelde, ocasionada por um acontecimento que é do conhecimento apenas do pai verdadeiro. Ela é completamente contraditória, consegue ser meiga e bastante rebelde, é uma sonhadora, mas tem seus momentos realistas, ora é imprudente e ora é precavida.

Depois de mais um ato rebelde (a lista é grande), os pais de Cyd decidem mandá-la por uns tempos para Nova York, com o pai verdadeiro. Ele entrou em contato e queria esse encontro. Cyd aceitou de bom grado, apesar de ter uma mãe que, sim era fútil e consumista, mas que a ama em níveis elevados, elas se bicam o tempo todo. E uma perda também resultou na rápida aceitação. Com o pai verdadeiro, Cyd estava em um terreno nunca visto antes. Ele era legal, mas sempre ocupado. E ela tinha outros dois meio-irmãos (Nancy e Sid também tinham dois filhos). Um que era o máximo e outra que no início era um pé no saco, afinal, Cyd é fruto de uma pulada de cerca. E o livro conta essa fase de interação entre a nova família, o amadurecimento de Cyd e a conquista da compreensão que ela sempre quis.

Cyd é uma personagem única, assim como a escrita de sua criadora. Ao mesmo tempo que passou por várias coisas, ela tem uma mentalidade de criança. Vive sonhando com um lugar perfeito em que vai morar, sem falar que anda com a boneca de pano pra cima e pra baixo – e conversa com ela, inclui ela nos diálogos, como se fosse uma pessoa de verdade. Mas a história é muito mais do que isso, pode parecer boba de início, no entanto, no fim nos deixa com uma boa lição. Todo comportamento ruim, fora do padrão, tem uma razão de ser. Pode ser uma coisa mínima, mas também pode ser a razão para acabar com um mundo. Cyd nunca aceitou ser abandonada pelo pai, mesmo tendo um paidrasto incrível. Nunca pareceu ter perdoado a mãe pelo que fez com o pai verdadeiro e resultando nela. E esses tabus, alguns de menina mimada, outros de menina incompreendida, vão caindo ao passar das páginas.

- Estou sempre com muita fome – disse a ele. O que é verdade. Quando não estou com fome de comida, estou com fome de algo maior: respostas para os segredos do universo, amor verdadeiro, seios mais substanciais. Página 112 

Achei a leitura muito válida e gostei muito do enredo criado por Rachel. Sem falar na capacidade de viajar em pensamento que Cyd tem. Ela é uma figura mesmo. E preciso comentar que adoro essa capa. Uma leitura que vale a pena. Os próximos livros são Siri e Cupcake.

Cliques de Pão-de-Mel

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Beijos e uma ótima terça-feira!