presente

Fins de ano sempre trazem um sentimento diferente, tem o cansaço de todos os meses que passaram, mas também uma esperança de tudo de novo que está para acontecer. Existe gratidão, amor, saudade, além do desejo de poder ter feito mais. As histórias produzidas  para esta época sempre trazem uma lição, um amadurecimento, crescimento pessoal. Mudanças.

A criada por Cecelia Ahern e publicada pela Novo Conceito segue nesta linha de aprendizado. Um menino de 14 anos observa da rua a nova família de seu pai na manhã de Natal. Uma comemoração que deveria ser passada com ele e sua mãe e não com essa nova mulher e filho que ele arrumou. Ele os abandonou e agora está ali feliz. Então vem o susto para a família feliz, um peru atravessa a janela de vidro e joga estilhaços por toda a sala. O menino para na delegacia.

Enquanto espera sua mãe, todo rebelde, tem sua atenção cativada pelo sargento Raphael O’Reilly, que começa a contar uma história, a história de Lou Suffern. Lou é daqueles caras para quem o tempo é extremamente precioso, alcançou sucesso na carreira e quase todos os minutos de sua vida são dedicados a ela. Ele sempre sonhou estar no topo, conseguiu chegar bem alto e agora há apenas um cargo em sua mente, o desocupado por um de seus colegas que surtou e não voltará mais.

Em uma manhã fria, Lou faz algo que nunca fez, comprou um café extra e o deu ao cara que está sentado na rua, do outro lado da sede da empresa. Gabe, o morador de rua, é um homem inteligente, observador e desperta a curiosidade de Lou, contando coisas que ele não imaginava serem possíveis, como algumas movimentações de seu concorrente ao cargo que ficará em aberto. Agindo em benefício próprio, ele consegue um emprego para Gabe no prédio, distribuindo correspondências e conta com ele como seu aliado sobre quaisquer novidades referentes ao pessoal do escritório.

Gabe é um sujeito interessante,  mas que deixa Lou desconfortável, parece poder ver sua alma. Desde o dia em que entrou em sua vida, o ex-morador de rua provocou muitas mudanças na vida de Lou. Ele o aconselha, sabe de tudo a seu respeito, está em todo lugar. E, claro, Lou preferiu a desconfiança a acreditar que o cara queria o seu bem. Lou não foi capaz de assimilar que por causa de Gabe ele passou mais tempo com a família, com os filhos, a esposa, os pais e seu irmão. Seu coração não via bondade até que foi tarde demais.

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O Presente me lembrou muito dos filmes que vemos em época de Natal, um cara completamente alheio à família, que dá mais importância ao trabalho e que não percebe o quanto está perdendo, até que realmente perca. Medidas são tomadas, mudanças acontecem e um novo homem aparece. Aliás, esse tipo de história não ocorre apenas no Natal, mas com maior intensidade nele, já que envolve todo aquele sentimento que comentei. O Natal deixa muitas pessoas de coração aberto, mais capazes de perdoar e fazer boas ações.

Voltando para a história, achei ela interessante e confesso que também tinha o pé atrás com Gabe, sempre achava que ele faria Lou perder tudo de mais precioso que ele tinha, mesmo que não se desse conta do valor de tudo que tinha. Perto de Lou, Gabe era miserável, não apenas em condição financeira, mas em relação ao amor, carinho e atenção das pessoas que o rodeavam.

Lou era um canalha, traía a esposa sem pensar, bebia sem controle, não aparecia nos compromissos familiares, não se interessava pelos filho e muito menos prestava atenção em sua esposa, a quem sempre amou tanto e que sempre esteve ao seu lado. Mas Gabe o deu a chance de melhorar, de poder estar presente e dar valor ao que tinha. A história tem uma lição enorme, nos faz pensar em tudo que colocamos à frente do que realmente importa.

Este foi meu primeiro contato com a autora, há tempos quero ler P.S. Eu te amo, mas tenho medo da choradeira que vai me provocar, então vou deixando para depois. Enfim, gostei muito da forma que ela escreve, do jeito envolvente e de não pensar apenas dentro da caixa. Não que ela tenha criado uma história inovadora, já vimos algo assim antes, provavelmente em algum filme, mas precisa saber o que faz para criar uma história como essa, com este desenrolar e com o tipo de personagens que a conduzem. Foi uma leitura leve, prazerosa e que causou reflexão.

Não posso deixar de comentar sobre a diagramação, que está mais uma vez incrível. As páginas são lindas, cheias de detalhes.

 

O presente

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Cliques de O Presente

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Beijos e uma ótima terça-feira.