Zumbi

Pelo título nacional e pelos trechos do filme que vi nos trailers, esperava muita idiotice de Meu namorado é um zumbi. Aliás, ele começou assim, como que dando razão às minhas baixas expectativas. Mas foi melhorando ao passar dos minutos e acabou me conquistando completamente. Não, ele não é uma obra-prima máster, mas é um filme com uma história que contém elementos que me agradam, que pareciam muito errados juntos, mas que funcionaram de forma magistral.

Acho difícil alguém não ter sentido nojinho ao ler o nome do filme e ao saber do que se tratava. Eu pensava: “como ela consegue namorar um zumbi?”. Pele podre, rosto desfigurado, bafão que minha nossa, sem falar em tentar uma comunicação em “zumbiês”. Inimaginável. Ah, uma constatação, não gosto desses zumbis velozes, eles diminuem minhas chances de sobrevivência a quase zero. Gosto dos lerdos, viajões, que me dão mais chance sem uma Michonne ou um Daryl perto de mim. Ok, assunto desviado.

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No original Warm Bodies, Meu namorado é um zumbi nos mostra o tão conhecido cenário pós-apocalíptico, com cidades destruídas, carros jogados e a dominância dos zumbis, que querem comer carne humana. Há um grupo de sobreviventes, que se trancou com a proteção de muros altos e muitas armas, mas que precisam fazer expedições regulares fora do perímetro seguro. Em uma dessas incursões, o grupo de Julie, formado por outros jovens, é atacado por “cadáveres”, como eles chamam os zumbis. Um deles pega o namorado da garota e faz o que a “espécie” dele faz: come. Há uma diferença entre comer qualquer parte do corpo e comer o cérebro da pessoa, que segundo o protagonista, é a melhor parte. Ok. Quando um zumbi come o cérebro, ele sente o que a pessoa sentia e vê suas memórias, ou seja, na situação do filme, ele agora sente atração por Julie.

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O zumbi, até então sem nome, salva Julie de ser comida e a leva em segurança – ou nem tanto – para onde os zumbis vivem, um aeroporto. Esse zumbi em questão é diferente, ele tem consciência e após comer o cérebro de Perry, começa a conseguir articular palavras. Algo de diferente começa a rolar. Julie fica tensa no início, mas depois de ser salva tantas vezes pelo zumbi e de ter momentos legais com ele, ela passa a chamá-lo de R (“Ar” em inglês e “Erre” na dublagem). Aí vocês já sabem, né? Colocou nome, tem sentimento, se apega.

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R já gosta de Julie e ela passa a gostar dele também, além de criar esperanças de que aquela situação toda pode mudar. O que realmente acontece. A relação de R e Julie muda alguma coisa, tanto nos dois, como em todos os outros zumbis. O que não agrada os esqueléticos, seres diferentes e muito do mal, que correm feito Usain Bolt, e não estão gostando dessa mudança. Esse parece ser o destino de R e Julie: mudar tudo!

Eu adorei o caminho que o filme levou. Colocando o carro na frente dos bois, como dizem por aqui, assisti ao filme antes de ler o livro no qual ele foi baseado (Sangue Quente, de Isaac Marion), então não sei dizer quão fiel ele foi à obra original. Mas fiquei realmente feliz quando o filme acabou e vi que não foi uma perda de tempo completa como eu esperava. Uma história de amor entre um zumbi e uma humana gera preconceito imediatamente, poder transpor essa barreira foi muito bom. Ampliar horizontes e possibilidades, afinal, nem tudo está perdido. Mesmo quando pensamos que não há mais volta, não há mais solução, ela pode estar ali, escondida em um simples dar de mãos. Realmente a esperança não existe em nosso meio para ser perdida facilmente, ela prospera e, consequentemente, recompensa a quem não desistiu dela. Já estou filosofando aqui.

WARM BODIES

Fonte.

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Fonte.

O filme tem seus momentos de comédia e os produtores souberam como usar certas músicas na hora exata. Como Pretty Woman, que me fez rir muito. A produção soube misturar comédia, romance e drama muito bem, o resultado foi muito positivo. Na minha experiência, rompeu barreiras e acabou com preconceitos, deixando cada vez mais claro que a primeira impressão pode ser a que fica, segundo falas populares, mas que se nos deixarmos envolver e olharmos um pouco mais a fundo, a segunda impressão pode nos surpreender.

 

Trailer.

Próximo item da lista: ler Sangue Quente!

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Abaixo, a trilha sonora completa do filme (vi aqui):

  • Sitting In Limbo – Jimmy Cliff
  • We Wish You a Merry Christmas – John Robert Foster
  • Missing You – John Waite
  • The Bad In Each Other – Feist
  • Be the Song – Foy Vance
  • Patience – Guns N’ Roses
  • Shell Suite – Chad Valley
  • Hungry Heart – Bruce Springsteen
  • Shelter from the Storm – Bob Dylan
  • Hinnom, TX – Bon Iver
  • Yamaha – Delta Spirit
  • Rock You Like a Hurricane – Scorpions
  • Oh Pretty Woman – Roy Orbison
  • Midnight City – M83
Adorei essa música.
  • Runaway – The National
  • Numbers Don’t Lie – The Mynabirds
Outra gostosinha de ouvir.

Por hoje é só.