DSC_2237[3] Quem não conhece a tradicional história da Chapéuzinho Vermelho? É difícil, mas não impossível, achar alguém que jamais tenha cruzado com esses contos infantis tão gostosinhos de se ouvir, ler e contar. A Garota da Capa Vermelha, de Sara Blakley-Cartwright, é uma versão mais adulta e sombria que a original e é baseada no filme que tem o mesmo nome.

O pano de fundo da trama é a aldeia de Daggorhorn, onde moram simples trabalhadores, que fazem tudo para proteger seus familiares e o local em que vivem. Porém, a pequena comunidade é assombrada pela lua cheia, que traz uma fera faminta para os aterrorizar. O lobo exige um sacrifício de sangue a cada nova lua cheia, assim não fere nenhum dos aldeões. Mas tudo muda na noite em que a lua fica vermelha, como se previsse o sangue humano a ser derramado.

Valerie é a protagonista da estória, ela idolatra sua irmã Lucie, e por isso que quando descobre que a vítima do lobo foi a adorada irmã, quer caçar o maldito a todo custo. Mas ela é só uma frágil garota, o que pode fazer? Com o baque de perder a irmã, Valerie ainda precisa lidar com outro sentimento, a paixão reacendida por seu amigo de infância que retornou à aldeia, Peter, e o fato de agora ser a noiva de Henry, o melhor partido e o cara mais cobiçado por todas as garotas.

Para lidar com o lobo, que ultrapassou os limites e acabou com a trégua – ou com a covardia do povo - , o padre local chama Father Solomon, que tem grande experiência com este tipo de criatura. O cara que deveria ser o herói daquele povo, livrando-os da perseguição do lobo. O primeiro baque após sua chegada foi a afirmação que o lobo vivia entre eles, era um dos aldeões. A revelação faz com que todos desconfiem de todos e no lugar de unir a aldeia contra o inimigo, cada um olha por si e desconfia do próximo.

Então… o livro tem bons ingredientes para ser uma obra de sucesso, porém não conseguiu alcançá-lo, pelo menos não comigo. O suspense, a trama - que é original - e os personagens que conseguem ser cativantes, perdem com a falta de aprofundamento do enredo, da introdução e das próprias histórias dos personagens. A primeira impressão que tive no início do livro foi de que estava lendo o roteiro, a escrita parecia pobre, o que depois foi mascarado pelo mistério de quem seria o lobo, fato que acabou prendendo mais a minha atenção. Senti falta de conhecer mais sobre Valerie, sobre sua família, sobre o motivo de sua avó viver isolada na floresta, etc. Fiquei incrédula com o Father Solomon, que chegou como um herói e se revelou o pior vilão, se bobear era pior que o lobo, transformando e tirando a vida dos aldeões ao seu bel prazer. Ridículo!

Este livro foi discutido no Clube do Livro e uma opinião foi unânime por lá: todo mundo odiou o fato de o final do livro precisar ser buscado no site da editora. Entendo que queiram fazer uma jogada de marketing, mas isso detonou o livro. Fala sério, como que um livro não tem seu fim? Porque aquilo que tem lá não é um fim, não responde nada, só deixa mais dúvida no ar. Não soluciona a morte de Lucie, não revela a identidade de quem amedrontou a vila todos esses anos, o que o lobo queria com Valerie e, principalmente, a identidade do lobo, que é o foco de todo o livro ou não é? Eu li todas aquelas páginas para descobrir quem era o lobo. Eu ia dormir pensando em quem era o lobo e só descubro no outro dia quando acesso o site para ler o capítulo extra.  Achei uma baita sacanagem e foi por este motivo que o livro mais perdeu pontos comigo.

Abaixo, o trailer do filme que deu origem ao livro.

No Clube ele teve até que uma média alta, 7,8. Minha nota foi 8,0, mais por ter prendido minha atenção e por ter potencial, que infelizmente não foi bem aproveitado. A edição dele é linda, a capa nem se fala, chama muita atenção e merece pontos por isso. Enfim, não é um livro que vou recomendar entusiasticamente.

DSC_2280[3] Foto oficial do mês de outubro do Clube do Livro, todo mundo ganhou presente porque comemoramos um ano de Clube! =D

Beijos!